Não sei como apareci em Peniche, mas aqui cresci e se dedicam a mim, há 400 anos aproximadamente. Diz-se que tive origem no Macramé, trabalho árabe, de nós, muito usado pelos egípcios.
Tive períodos de glória e também de crise, mas fui premiada em vários países com medalhas de ouro, prata, cobre e menções honrosas.
Hoje, ainda sou bela e diáfana, às vezes, obra de arte, quer em linho, seda, algodão, ouro, prata, lã, ráfia, fibras artificiais ou sintéticas.
Comecei por ser popular, depois erudita e hoje sou também moderna.
Actualmente sinto a falta de crianças e jovens a rendilhar-me.
Sinto também a falta de um Museu próprio: Museu da Renda de Bilros de Peniche com oficina anexa onde eu tivesse optimizadas condições para continuar a ser o orgulho dos penichenses.
A feliz iniciativa promovida pela C.M.P. «As Rendas de Bilros vão à Escola» proporcionou a 1300 crianças das escolas do Ensino Básico do nosso Concelho o conhecimento do que eu sou e da minha linda História.
Foi uma sensibilização que eu espero dê os seus frutos.
Tenho esperança que 2011 seja um ano de surpresas para mim.
Peniche, terra de pescadores e rendilheiras que no passado viveram de mãos dadas comigo, renda de bilros, dos quais fui o sustento quando o Mar era adverso à fartura de peixe ou a faina parava por causa do defeso.
Hoje, não tenho o brilho do passado, por motivos os mais variados, mas fica aqui o meu apelo, não se esqueçam de mim, ainda posso ser útil no futuro. Ainda estou bem viva, embora já em poucas mãos. Mãos de rendilheiras que só por amor não querem separar-se de mim, o que prova que as suas raízes são a sua força.
Apesar de ter atravessado maus momentos nos séculos XVIII e XIX e de ter decaído a partir dos anos quarenta do Séc. XX, as rendilheiras têm conseguido manter-me viva e tenho sido divulgada não só em Portugal como no estrangeiro.
Espero continuar a ser rendilhada em Peniche, terra à qual me orgulho de pertencer. Fico à espera das crianças, dos jovens e da dinamização que mereço da Câmara Municipal de Peniche e da qual muito tenho a esperar.
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